Programação de aniversário traz para o Quiosque a proposta de olhar estrangeiro de Dulce Helfer
Por muito tempo a fotografia
foi entendida como um retrato puro da realidade. O olhar do fotógrafo, mediado
pelas lentes, era então o responsável por registrar as paisagens e situações,
demarcando um local e época específicos. A exposição Gravataí por Dulce Helfer
nos mostra, contudo, que a imagem fotográfica, mesmo sendo obtida a partir da
realidade, pode ir além desta, abrindo espaço para a imaginação e o sonho. As
fotografias de Dulce não são só um retrato, mas um recorte. Não são, tampouco, simples registro, mas a
construção sutil de novos ângulos e vieses de onde olhar a cidade. O trabalho da
fotógrafa descobre detalhes, perfis e silhuetas nas paisagens tradicionais de
Gravataí, causando estranheza aos olhos daqueles que se consideram conhecedores
da cidade. Os trabalhos da exposição Gravataí
se desligam da imagem estereotipada para explorar o que a cidade
verdadeiramente é – seus costumes, sua gente, suas particularidades. Muitas das
fotografias, porém, podem ser lidas como de qualquer lugar ou de lugar nenhum. Afinal,
mais do que representar uma cidade, elas registram um modo de ver: o olhar
fotográfico de Dulce Helfer, sempre em busca de um recorte insuspeito e da
possibilidade de beleza e sonho contida no registro do real.
(Texto de Paula Luersen, técnica superior em Artes Visuais)